A reunião dos ministros das Relações Exteriores do Brics encerrou-se nesta terça-feira (29) sem uma declaração conjunta, mas com consenso entre os 11 países membros e convidados contra a guerra tarifária global. O chanceler brasileiro destacou a oposição unânime ao protecionismo comercial e a medidas não tarifárias com pretextos ambientais, além de reforçar a necessidade de reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e retomar seu órgão de solução de controvérsias. O documento final foi assinado apenas pela presidência brasileira, que optou por reservar declarações mais robustas para a Cúpula de Líderes em julho.
O encontro no Rio de Janeiro teve como foco uma agenda de soluções para o Brics e o Sul Global, com ênfase em cooperação multilateral. A Indonésia participou pela primeira vez como membro efetivo, simbolizando a busca do grupo por maior diversidade e representatividade. Os ministros defenderam o fortalecimento da ONU e de instituições como FMI e Banco Mundial, com maior participação de Ásia, África e América Latina.
O chanceler brasileiro alertou que desafios globais, como saúde, crise climática e governança da inteligência artificial, exigem uma nova arquitetura de cooperação internacional. O Brics foi apontado como potencial protagonista na coordenação de ações concretas nesses temas, especialmente no ano em que o Brasil sediará a COP 30. O grupo reafirmou seu compromisso com o direito internacional e o diálogo multilateral, sem tomar posicionamentos específicos sobre disputas bilaterais, como a tarifária entre China e EUA.