Em dois anos e três meses de governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, registrou 67 compromissos com representantes de bancos e corretoras, número próximo ao de seu antecessor, Paulo Guedes, que teve 68 reuniões no mesmo período. Os dados, compilados a partir de agendas públicas, mostram que Haddad superou Guedes em encontros com a Febraban e instituições múltiplas, totalizando 15 reuniões contra 12 do antecessor. Além disso, participou de 14 eventos promovidos por bancos, espaços normalmente usados para discutir cenários econômicos e temas setoriais.
Apesar das críticas de parte da esquerda, que vê seu trabalho como excessivamente alinhado ao livre mercado, Haddad manteve diálogo frequente com grandes instituições financeiras, como BTG, Itaú, Nubank e Santander. Essa proximidade contrasta com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já afirmou ter “vencido” o mercado financeiro em mandatos anteriores e criticou políticas consideradas favoráveis aos bancos. No entanto, a agenda do ministro sugere uma relação pragmática com o setor.
Embora o ministro tenha mantido acesso constante aos banqueiros, sua gestão é avaliada negativamente por 58% dos analistas do mercado financeiro, segundo pesquisa da Quaest. Os dados revelam uma complexa dinâmica entre o discurso político e a prática econômica, onde o diálogo com o setor financeiro parece ser uma constante, independentemente da orientação governamental.