O Ministério da Educação (MEC) divulgou dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostrando que 49,3% das crianças do 2° ano do ensino fundamental foram consideradas alfabetizadas em 2023. O resultado é inferior aos 56% apontados pelo programa Criança Alfabetizada, que utiliza metodologia diferente. O governo federal defende que o indicador do Criança Alfabetizada é mais preciso por abranger um número maior de alunos, enquanto o Saeb é baseado em amostras com margens de erro elevadas em alguns estados, como na Bahia, onde chega a 22,5 pontos percentuais.
Especialistas criticam a falta de transparência na divulgação dos dados e a discrepância entre os dois sistemas. O Saeb, aplicado desde 2019, mostra que o país ainda não recuperou o patamar pré-pandemia (55% em 2019), tendo caído para 36% em 2021 e subido para 49,3% em 2023. Já o Criança Alfabetizada, criado em 2024 com base em exames estaduais, sugere uma recuperação mais otimista, levantando dúvidas sobre a confiabilidade dos métodos.
A divergência é ainda mais evidente quando comparados os resultados estaduais. No Maranhão, por exemplo, o Saeb indica 30,6% de crianças alfabetizadas, contra 56% no Criança Alfabetizada. Em São Paulo, a diferença é menor (50,5% no Saeb e 52% no outro indicador). O Inep afirma que a padronização das avaliações estaduais visa alinhar políticas públicas, mas questiona-se o uso de recursos em pesquisas com margens de erro altas. Organizações educacionais defendem maior clareza e compatibilidade entre os dados para garantir transparência e eficácia nas políticas de alfabetização.