Em 2023, apenas seis dos 309 cursos de Medicina avaliados pelo Ministério da Educação (MEC) alcançaram a nota máxima no Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador que mede a qualidade das graduações. O CPC considera desempenho dos estudantes no Enade, valor agregado pelo curso e condições de ensino, como infraestrutura e corpo docente. Dentre as seis instituições com nota 5, cinco são privadas sem fins lucrativos e uma é pública estadual, sendo a maioria localizada em São Paulo. Além dessas, 40,4% dos cursos tiveram notas 4 ou 5, consideradas ideais, enquanto 50,5% obtiveram conceito 3, classificado como regular.
O Enade, prova usada como base para o CPC, é alvo de críticas por supostamente cobrar habilidades genéricas e sofrer com baixo engajamento dos estudantes, já que não há sanções por desempenho insuficiente. Especialistas apontam que a falta de participação compromete a confiabilidade do indicador. Paralelamente, o número de cursos de Medicina no setor privado cresceu significativamente, impulsionado por mensalidades altas e baixa inadimplência, além de políticas como o programa Mais Médicos, que incentivou a abertura de vagas em regiões remotas.
Recentemente, o STF decidiu que a criação de novos cursos deve seguir critérios do Mais Médicos, priorizando áreas com escassez de profissionais. Há ainda discussões sobre a implementação de um exame nacional para médicos recém-formados, similar à OAB, como pré-requisito para exercício da profissão. O debate reflete a busca por equilíbrio entre expansão do ensino e qualidade da formação médica no país.