Em meio às turbulências no comércio internacional, os chanceleres do Mercosul decidiram ampliar temporariamente o número de produtos isentos da Tarifa Externa Comum (TEC) durante reunião em Buenos Aires. A medida, que permite até 50 novos códigos tarifários por país na Lista Nacional de Exceções (Letec), busca responder às incertezas provocadas pelas recentes alterações nas tarifas de importação dos Estados Unidos. Argentina e Brasil, que já possuem 100 itens isentos cada, assim como Paraguai e Uruguai, com 649 e 225 respectivamente, ganham flexibilidade para negociar individualmente com outros mercados.
Especialistas avaliam a decisão como estratégica, pois concede aos países membros maior autonomia sem depender de consenso interno — especialmente relevante diante das tensões entre Brasil e Argentina. O presidente argentino tem criticado publicamente o bloco, sugerindo até a possibilidade de abandoná-lo, o que acrescenta complexidade às discussões. A medida também reflete a necessidade de adaptação a um cenário global volátil, marcado pelas políticas comerciais dos EUA, que recentemente reduziram tarifas para 10% por 90 dias, exceto para produtos chineses.
Além da flexibilização tarifária, os chanceleres concordaram em retomar debates sobre a modernização do Mercosul, com reuniões técnicas marcadas para abril e um novo encontro ministerial em maio. A presidência temporária do bloco, atualmente com a Argentina, será transferida ao Brasil em julho durante a próxima cúpula de chefes de Estado. A decisão reforça a busca por equilíbrio entre cooperação regional e necessidades nacionais, enquanto o bloco navega por desafios políticos e econômicos.