O anúncio do pacote de tarifas de importação pelos Estados Unidos, que inclui taxas de 10% para o Brasil e valores mais altos para outros parceiros comerciais, provocou forte reação nos mercados financeiros. As taxas de juros futuras no Brasil (DI) caíram mais de 40 pontos-base em alguns vencimentos, acompanhando a queda dos rendimentos dos Treasuries americanos e a desvalorização do dólar frente ao real. Analistas atribuíram o movimento ao temor de recessão nos EUA e à possibilidade de o Federal Reserve reduzir juros ainda este ano, aliviando a pressão inflacionária global.
No Brasil, a queda das taxas foi amplificada por ordens de stop loss ao longo da curva, enquanto o dólar chegou a negociar abaixo de R$ 5,60. A tarifa de 10% imposta ao país foi a mais baixa entre as principais economias afetadas, o que foi visto como um alívio relativo. Cristiano Oliveira, do Banco Pine, destacou que a medida é negativa para a economia global, mas menos prejudicial ao Brasil devido às taxas menores em comparação com concorrentes como China e União Europeia.
O cenário externo também influenciou as expectativas para a política monetária brasileira, com o mercado precificando 80% de chance de um último aumento de 0,5 ponto percentual na Selic em maio. A queda do dólar e a possível desaceleração da inflação podem permitir que o BCB encerre o ciclo de alta de juros. Enquanto isso, no exterior, o rendimento do Treasury de 10 anos recuou 14 pontos-base, refletindo a aversão ao risco após o anúncio das tarifas.