Há dez anos, um protesto de servidores públicos na Praça Nossa Senhora da Salete, em Curitiba, terminou em violento confronto com a polícia, deixando mais de 200 feridos. Entre os manifestantes, uma professora de Biologia levou rosas colhidas em seu quintal, mas voltou para casa com fragmentos de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, que guardou como símbolo da injustiça vivida. Outro participante, um psicólogo e policial penal, foi baleado no rosto enquanto ajudava colegas, tornando-se um dos rostos mais conhecidos do episódio. Ambos relatam como o evento transformou suas vidas e reforçou seu compromisso com a luta por direitos.
O protesto, inicialmente pacífico, foi marcado por uma repressão policial surpreendente, descrita por testemunhas como desproporcional. Autoridades na época atribuíram a violência a grupos infiltrados, mas investigações não comprovaram a alegação. Para educadores, o episódio refletiu um cenário mais amplo de desvalorização da categoria, com impactos duradouros na saúde mental e no interesse pela profissão. Dados mostram queda significativa no número de professores na rede estadual, além da redução de matrículas em cursos de licenciatura.
Uma década depois, as cicatrizes físicas e emocionais permanecem. Professores enfrentam desafios como violência em sala de aula, sobrecarga de trabalho e falta de políticas públicas efetivas para saúde mental. Iniciativas independentes, como comissões de saúde nas escolas, tentam preencher essa lacuna, mas a ausência de ações concretas do governo estadual ainda é criticada. O legado do 29 de abril segue vivo, não apenas na memória dos que estiveram presentes, mas nas condições atuais da educação no Paraná.