A representação da masculinidade, que durante décadas foi simbolizada por figuras como o cowboy da Marlboro, ainda hoje enfrenta desafios em meio à influência de movimentos misóginos e masculinistas. Influenciadores digitais propagam ideias de superioridade masculina, enquanto séries como “Adolescência”, da Netflix, reacendem debates sobre como educar meninos para que rejeitem o machismo e abracem a igualdade de gênero. Especialistas apontam que os adolescentes buscam validação social, muitas vezes reproduzindo estereótipos ultrapassados sobre as mulheres, alimentados por discursos de coaches e pelo consumo de pornografia.
A educação dos meninos passa por criar espaços seguros para diálogo, sem julgamentos, onde possam expressar dúvidas e receber orientação. Autores destacam a importância de apresentar modelos positivos de masculinidade, desde a infância, incentivando habilidades como cuidado doméstico e empatia. A psicóloga Belinda Mandelbaum ressalta que ações concretas em casa, como a divisão igualitária de tarefas, têm mais impacto do que discursos vazios sobre igualdade.
O caminho proposto é plural: não se trata de impor um novo modelo rígido, mas de expandir as possibilidades do que significa ser homem. A ideia é evitar tanto a reprodução de estereótipos tóxicos quanto a criação de expectativas irrealistas, permitindo que cada menino encontre sua própria identidade. Como afirma Nana Queiroz, o objetivo é oferecer “uma gama de masculinidades possíveis”, equilibrando tradição e progressismo sem cair em extremos.