No sul da França, na região de Minervois, Patricia Boyer-Domergue e sua filha, Cécile Delucchi, administram o Clos Centeilles, um vinhedo dedicado a preservar variedades de uvas quase esquecidas. Com 12 hectares de vinhas, a propriedade cultiva 23 tipos de uvas, sendo 16 consideradas raras, como Riveyrenc, Morrastel Noir à Jus Blanc e Œillade Noire. A iniciativa surgiu da paixão de Patricia pelo patrimônio vitivinícola da região, buscando resgatar uvas que produziam vinhos elegantes e de baixo teor alcoólico, abandonadas devido a pragas e mudanças comerciais.
O trabalho enfrenta desafios, como a suscetibilidade das uvas antigas a doenças e a falta de interesse inicial do mercado, que priorizava vinhos encorpados. No entanto, as tendências recentes, que valorizam vinhos mais leves, têm aumentado a demanda por esses exemplares únicos. Além disso, o Clos Centeilles adota a seleção massal para manter a diversidade genética, evitando clones que homogenizariam as videiras.
Com Cécile agora à frente do projeto, o vinhedo continua a inovar, produzindo 11 vinhos, incluindo espumantes, brancos e tintos, muitos com menos de 14% de álcool. A propriedade também se adapta às mudanças climáticas, observando que algumas uvas antigas, como Riveyrenc, resistem melhor ao calor extremo. O legado de Patricia e Cécile não apenas preserva a história vitivinícola francesa, mas também aponta para um futuro promissor, à medida que os consumidores buscam vinhos autênticos e sustentáveis.