O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em Honduras, com o objetivo de fortalecer a integração regional e reposicionar o Brasil como um ator diplomático central. Em um cenário de fragmentação política e crescente influência dos Estados Unidos, Lula pretende apresentar uma agenda que inclui desde a defesa de uma candidatura latino-americana à Secretaria-Geral da ONU até a formação de coalizões para ampliar o peso da região em fóruns como a COP30. O governo também busca equilíbrio ideológico em organismos como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, diante do avanço de correntes conservadoras.
A unidade da Celac, no entanto, enfrenta desafios, especialmente devido às divergências com o governo argentino, que adotou uma postura de alinhamento irrestrito aos Estados Unidos e tem dificultado consensos no bloco. A possível presença do presidente venezuelano também é um ponto sensível, capaz de polarizar as discussões. Esses impasses testam a capacidade de Lula de mediar conflitos e consolidar uma liderança regional em um contexto marcado por interesses divergentes e pressões externas.
Enquanto isso, as tensões comerciais com os Estados Unidos se intensificam, com o Congresso brasileiro aprovando medidas de retaliação às tarifas impostas pelo governo americano. Setores do Itamaraty e o vice-presidente Geraldo Alckmin defendem o diálogo como solução preferencial, buscando negociações para evitar uma escalada do conflito. A reunião da Celac ocorre, assim, em um momento crítico para a diplomacia brasileira, que tenta equilibrar ambições globais, resistências internas e pressões comerciais.