Birmingham, a segunda maior cidade do Reino Unido, enfrenta uma crise de acúmulo de lixo devido a uma greve de coletores que já dura meses. Cerca de 17 mil toneladas de resíduos se espalham pelas ruas, criando montes de sacos apodrecidos que atraem ratos, baratas e outros vetores de doenças. Controladores de pragas relatam um aumento de 50% nas chamadas desde o início da greve, com infestação se agravando em bairros como Balsall Heath e Sparkhill. O cenário contrasta com a imagem de uma cidade que já foi símbolo da revolução industrial britânica e hoje luta contra falência e desorganização urbana.
A greve, iniciada por disputas salariais, envolve quase 400 trabalhadores que rejeitam mudanças propostas pelo conselho municipal, alegando cortes de até € 8 mil anuais. O governo local afirma que as alterações são necessárias para modernizar o serviço e garantir sustentabilidade financeira, mas a paralisação se intensificou, deixando apenas parte da frota de caminhões em operação. A situação levou o conselho a declarar “incidente grave” devido aos riscos à saúde pública, enquanto moradores descrevem ratos “maiores que gatos” e um cenário de abandono.
A crise reflete problemas estruturais: Birmingham declarou falência em 2023 após anos de disputas por igualdade salarial e cortes nos subsídios do governo central, que reduziram em 18% o financiamento às autoridades locais desde 2010. Apesar do cenário caótico, residentes mantêm um senso de comunidade, enquanto a cidade, famosa por atrações como a série “Peaky Blinders”, tenta preservar sua imagem. Para especialistas, o caso expõe desafios urbanos que se repetem em outras cidades britânicas, onde serviços essenciais colapsam sob pressão financeira e demandas crescentes.