A Justiça da Espanha rejeitou, nesta segunda-feira (14.abr.2025), o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro em relação a um jornalista de 46 anos, acusado de ameaça, corrupção de menores e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. A decisão, da 3ª Seção Penal da Audiência Nacional, argumentou que os fatos atribuídos ao profissional estão ligados a condutas de natureza política, o que impede a extradição com base no tratado bilateral entre os dois países. O documento destacou que as ações estariam vinculadas a grupos de apoio a um ex-presidente e de oposição ao atual mandatário.
O tribunal espanhol reconheceu que parte das acusações — como exposição de agentes públicos e publicações em redes sociais — poderiam configurar crimes comuns. No entanto, entendeu que o contexto geral das investigações está inserido em disputas políticas, caracterizando motivação evidente. A corte também citou preocupação com possíveis agravamentos na situação do investigado caso ele fosse entregue às autoridades brasileiras, além de mencionar declarações sobre abusos processuais.
Esta é a segunda vez que a Espanha nega a extradição. Em março, a Justiça local já havia rejeitado outro pedido, alegando que os atos não configurariam crime no país e estariam protegidos pelo direito à liberdade de expressão. O governo brasileiro, que já contratou advogados espanhóis para recorrer, aguarda a decisão definitiva. O jornalista permanece em liberdade, sem condenações até o momento.