A série “Adolescência”, sucesso global da Netflix, trouxe à tona os riscos que jovens enfrentam na internet, tema familiar para a juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro. Ela destaca que a produção chocou ao retratar um adolescente comum, de família estruturada, envolvido em um crime grave, mostrando como tragédias assim podem estar próximas de qualquer um. A magistrada observa ainda uma mudança no perfil de jovens infratores, com aumento de casos envolvendo meninos de classe média e alta em crimes digitais e ataques escolares, muitas vezes ligados a discursos de ódio e movimentos como os incels.
Text: Cavalieri enfatiza a necessidade de os pais entenderem a adolescência, buscando conhecimento sobre o desenvolvimento cerebral e comportamental dos jovens. Ela sugere que os adultos se aproximem do universo dos filhos, compartilhando interesses e monitorando suas atividades online sem medo de “invadir a privacidade”, já que a internet pode ser tão perigosa quanto a rua. A juíza recomenda o uso de aplicativos de controle parental e a definição de limites claros, como horários para desligar aparelhos e restrições a conteúdos inadequados.
Text: Outro ponto crítico é o tempo de tela, que, segundo especialistas, deve ser rigorosamente controlado para evitar problemas como privação de sono, depressão e obesidade. Cavalieri alerta que redes sociais ativam mecanismos de recompensa no cérebro similares aos de drogas, exigindo atenção redobrada. Ela reforça a importância de equilibrar liberdade e orientação, criando um ambiente seguro para que os adolescentes naveguem no mundo digital com responsabilidade e apoio familiar.