Um juiz federal determinou que o governo do ex-presidente Donald Trump desrespeitou deliberadamente uma decisão judicial de março que proibia a deportação de imigrantes com base em uma lei de 1798. O magistrado James Boasberg afirmou que as ações do governo configuram um provável caso de desacato, já que as deportações foram realizadas às pressas, mesmo após a suspensão da medida. A Suprema Corte havia permitido que os imigrantes contestassem suas expulsões, mas o governo seguiu adiante com as remoções, transferindo detidos para uma prisão em El Salvador.
O juiz concedeu ao Executivo um prazo até 23 de abril para cumprir a ordem original ou enfrentar um processo por desacato. Enquanto isso, a Casa Branca anunciou que recorrerá da decisão, criticando o que chamou de obstrução judicial. O caso ganhou destaque após a deportação de um imigrante salvadorenho, cuja expulsão já havia sido barrada em 2019, em um erro posteriormente reconhecido pelo governo.
A disputa reflete tensões mais amplas entre o Poder Executivo e o Judiciário, com acusações de interferência mútua. O governo argumenta que a lei de 1798 é necessária para combater organizações criminosas, enquanto defensores dos imigrantes alertam para abusos. O caso também envolve cooperação internacional, com El Salvador recebendo deportados e financiamento dos EUA, mas críticos questionam as condições dessas transferências.