Quase 11 milhões de brasileiros com mais de 14 anos enfrentam problemas emocionais, familiares, financeiros ou profissionais devido ao vício em jogos de azar, segundo dados recentes apresentados pela Unifesp. Esse número, que representa os chamados “jogadores de risco”, reflete o crescimento alarmante das apostas online no país, especialmente após sua legalização. O fenômeno já é considerado uma questão de saúde pública, com especialistas comparando sua gravidade à dependência de álcool e tabaco.
Apesar de a maioria da população não jogar, um em cada oito jogadores de risco sofre de transtorno do jogo, uma condição marcada pelo impulso incontrolável de apostar, mesmo diante de prejuízos significativos. O Nordeste concentra a maior parte desses casos. O psiquiatra Hermano Tavares, da USP, aponta que o vício em jogos é o terceiro mais comum no Brasil, atrás apenas do álcool e do cigarro, e que a pandemia agravou o problema, sobrecarregando a rede pública de saúde, despreparada para lidar com a demanda.
Embora as apostas esportivas (bets) e jogos como o “Tigrinho” tenham ganhado popularidade, as loterias ainda são a modalidade mais comum no país. O cenário exige atenção urgente, já que a falta de estrutura para tratamento e prevenção pode ampliar os danos sociais e individuais causados pela jogatina. O debate sobre políticas públicas e regulamentação torna-se cada vez mais necessário para enfrentar esse desafio.