O encontro entre o ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta semana em Washington, deve abordar a valorização do iene, mas as expectativas de um acordo significativo são baixas. Fontes próximas às negociações indicam que o Japão não pretende ceder a pressões por intervenções diretas no câmbio ou aumento imediato de juros, preferindo entender melhor as intenções dos EUA no contexto de um acordo comercial mais amplo. A reunião, que ocorre paralelamente ao encontro de primavera do FMI, deve servir mais para alinhar posições do que para anunciar medidas concretas.
As autoridades japonesas demonstram cautela em fortalecer o iene, já que a moeda já subiu para cerca de 140 por dólar, o que poderia prejudicar os exportadores em meio a tensões comerciais. Além disso, o Banco do Japão resiste a elevar juros precipitadamente, temendo impactos na frágil recuperação econômica do país e riscos à sua credibilidade. Analistas destacam que qualquer movimento nessa direção poderia ser visto como uma submissão às demandas dos EUA, comprometendo a independência da política monetária japonesa.
O cenário remonta ao Acordo de Plaza em 1985, quando os EUA pressionaram por uma desvalorização coordenada do dólar, mas agora as opções são mais limitadas. As discussões também devem incluir tarifas e barreiras não tarifárias, com o Japão buscando um meio-termo que evite conflitos abertos. No final, a linguagem diplomática sobre as taxas de câmbio pode ser o único resultado tangível dessas negociações.