Há dez anos, um grupo de jornalistas fundou o Direkt36, um site investigativo sem fins lucrativos na Hungria, em resposta ao crescente controle governamental sobre a mídia. Desde então, a redação consolidou sua reputação ao expor abusos de poder, corrupção e negligência, tornando-se uma das poucas vozes independentes no país. Seu maior sucesso recente foi o documentário “The Dynasty”, que revelou como aliados do governo enriqueceram durante o mandato do primeiro-ministro, alcançando mais de 3,5 milhões de visualizações no YouTube e aumentando o número de assinaturas pagas, principal fonte de receita do veículo.
Apesar do cenário desfavorável, com apenas 23% da população húngara confiando nas notícias, o Direkt36 mantém transparência sobre seu financiamento e independência editorial. Outros veículos independentes, como o Telex e a Partizán, também resistem à captura da mídia pelo governo, adotando modelos inovadores, como propriedade dos funcionários e financiamento por doações de impostos. Esses esforços mostram que, mesmo em um ambiente hostil, o jornalismo de qualidade pode sobreviver com apoio do público.
O cofundador do Direkt36 alerta que a pressão sobre a mídia pode vir de qualquer lugar, inclusive de proprietários de veículos que cedem a governos autoritários. Ele destaca a importância de diversificar fontes de receita e priorizar o interesse público, já que a audiência é a principal defesa contra a censura. A experiência húngara serve como lição para outros países onde a liberdade de imprensa está sob ameaça, mostrando que transparência e independência são essenciais para o jornalismo investigativo.