Uma investigação da Polícia Federal (PF) apontou que policiais das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, mantiveram negociações com um líder criminoso foragido. As conversas, realizadas via WhatsApp, incluíam acertos sobre patrulhamento e possíveis pagamentos de propina. A Corregedoria da Polícia Militar (PM) já abriu um processo para apurar o caso, enquanto as mensagens obtidas pela PF indicam que os policiais chegaram a elogiar a administração do tráfico pelo fugitivo, que está há mais de seis anos foragido.
Os diálogos começaram em novembro de 2022, quando um oficial da UPP Fazendinha entrou em contato com o criminoso. Durante as conversas, foram discutidas mudanças de comando e estratégias de policiamento, com o fugitivo oferecendo apoio contra outros criminosos armados na região. As interações fazem parte de um inquérito que resultou na Operação Dakovo, responsável pela denúncia de 28 pessoas por tráfico de armas. O líder criminoso, que mantém conexões internacionais, teve sua prisão decretada, mas segue sem ser localizado.
A PM informou que a Corregedoria Geral solicitará à PF uma cópia dos autos para investigar os policiais envolvidos. Os dois agentes que comandavam a UPP Fazendinha na época das negociações continuam em suas funções, mesmo após a extinção da unidade devido a uma reestruturação. O caso reforça preocupações sobre a relação entre forças de segurança e o crime organizado em áreas vulneráveis.