O ex-presidente do INSS autorizou descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, mesmo após anunciar publicamente que apuraria denúncias de fraudes com o auxílio da Polícia Federal. Apesar de suspender temporariamente as cobranças e prometer maior rigor nos controles, a autarquia permitiu a retomada dos descontos sem os requisitos técnicos necessários, beneficiando entidades investigadas. A PF aponta que as medidas anunciadas não foram efetivas, já que a direção do INSS ignorou alertas de órgãos de controle e autorizou exceções sem base normativa.
Entre as irregularidades, destacam-se a liberação de descontos em lote para uma confederação rural, sem verificação prévia, e a aprovação de quase 800 mil novos abatimentos com base apenas em termos de compromisso das associações. Documentos internos mostram que decisões favoráveis a essas entidades foram tomadas mesmo após pareceres iniciais contrários. A investigação também identificou repasses suspeitos a servidores envolvidos no processo, indicando possíveis conflitos de interesse.
A operação revela falhas graves no sistema de controle do INSS, que permitiram que descontos associativos fossem realizados sem garantias de transparência ou benefício real aos aposentados. Apesar das promessas de modernização, como a adoção de biometria facial e assinatura eletrônica, as medidas não foram implementadas a tempo de evitar os abusos. O caso expõe a necessidade de reformas estruturais para proteger os beneficiários do sistema previdenciário.