Uma investigação conduzida por veículos alemães expôs uma rede internacional que lucra com a venda de rins de pessoas vulneráveis, principalmente no Quênia, para pacientes em países como Israel e Alemanha. Jovens como Amon, de 22 anos, são recrutados com promessas de pagamento, mas acabam recebendo menos do que o combinado e enfrentam graves problemas de saúde pós-cirurgia. Testemunhas e documentos revelam que intermediários falsificam laços familiares entre doadores e receptores para burlar leis locais, que permitem doações apenas por motivos altruístas ou entre parentes.
O esquema opera em hospitais quenianos, como o Mediheal, onde médicos estrangeiros realizam os transplantes. Pacientes desesperados, principalmente israelenses e alemães, pagam até US$ 200 mil por um rim, enquanto os doadores recebem uma fração mínima. A empresa MedLead, ligada ao negócio, afirma agir dentro da lei, mas relatos mostram que doadores assinam documentos sem entender os riscos, muitas vezes coagidos por intermediários. Autoridades quenianas investigaram o caso, mas nenhuma medida foi tomada, e suspeitas apontam para envolvimento de figuras poderosas.
Enquanto isso, doadores como Amon enfrentam sequelas físicas e psicológicas, arrependidos de terem participado do esquema. No exterior, pacientes que recorreram ao serviço também relatam complicações pós-operatórias. A escassez de doações legais em países como a Alemanha alimenta a demanda por órgãos no mercado negro, perpetuando um ciclo de exploração que beneficia redes criminosas globais. A reportagem alerta para a urgência de regulamentações mais rígidas e ações internacionais contra o tráfico de órgãos.