Um prédio construído na década de 1940 em Porto Alegre foi reformado e adaptado para abrigar famílias atípicas após a enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Batizado de “Prédio dos Sonhos”, o edifício de 11 andares, antes desocupado, recebeu 27 apartamentos reformados por empresários e voluntários, coordenados por uma organização da sociedade civil. O espaço foi pensado para atender às necessidades específicas de pessoas com deficiências, transtornos ou doenças que demandam cuidados permanentes, oferecendo um ambiente mais adequado do que os abrigos tradicionais.
Durante a crise, a equipe do Instituto Pertence mapeou famílias atípicas em abrigos temporários, onde condições como aglomeração, barulho e falta de rotina podiam agravar desafios, especialmente para crianças autistas. O prédio foi estruturado com áreas comuns, como lavanderia coletiva e salas de convivência, além de espaços administrativos. “Isso nasce de um desafio: olhar para onde ninguém olhava”, destacou um dos responsáveis pela iniciativa.
Entre as famílias acolhidas está a de uma pedagoga e líder comunitária que, após perder sua casa em Canoas, encontrou no local um refúgio para ela e sua filha com Síndrome de Down. Ela destacou o acolhimento diferenciado oferecido pelo projeto, algo raro para mães atípicas. A enchente de 2024 deixou um rastro de destruição no estado, mas também histórias de solidariedade, como a do Prédio dos Sonhos, que se tornou um símbolo de resiliência e inclusão.