Um núcleo criado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul para monitorar radicalização e violência entre jovens descobriu o caso de uma adolescente vítima de abusos online. A jovem, que buscava refúgio na internet após sofrer bullying na escola, acabou sendo alvo de dois homens, um dos quais a incentivava à automutilação e planejava um ataque a uma instituição de ensino, enquanto outro mantinha contato inadequado com ela. Ambos foram presos, e a vítima, hoje com 18 anos e cursando psicologia, afirma ter superado o trauma e estabelecido uma relação saudável com a internet.
Desde sua criação há pouco mais de um ano, o Núcleo de Prevenção à Violência Extrema identificou 178 adolescentes e jovens com tendências à radicalização ou violência no estado. Além das quatro prisões já realizadas, a iniciativa resultou em seis internações em unidades socioeducativas e sete em instituições psiquiátricas. O foco principal, no entanto, é evitar medidas drásticas, atuando de forma preventiva por meio do monitoramento de redes sociais e da identificação de comportamentos de risco.
O promotor responsável pelo programa destacou fatores que contribuem para a radicalização juvenil, como o uso excessivo da internet sem supervisão, desestruturação familiar e bullying. Jovens em situação de vulnerabilidade costumam apresentar isolamento, desinteresse pela escola e fixação por conteúdos violentos. A mãe da vítima relatou que a filha passou por crises de ansiedade e mudanças de comportamento, como afastamento da família e irritabilidade, sinais que muitas vezes passam despercebidos até que a situação se agrave.