Um estudo liderado pela Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade, envolvendo 56 laboratórios e 213 pesquisadores, concluiu que apenas 26% das pesquisas biomédicas no país são reprodutíveis. O projeto, realizado entre 2019 e 2023, replicou 143 experimentos publicados entre 1998 e 2017, utilizando métodos como ensaio MTT, RT-PCR e labirinto em cruz elevado. Dos 56 estudos originais analisados, apenas 47 tiveram replicações válidas, revelando desafios como falta de padronização e supervisão nos laboratórios.
Os resultados apontaram dois padrões preocupantes nos estudos originais: o tamanho do efeito tendia a ser 60% maior, e a variação dos dados era 60% menor, sugerindo possível seleção de resultados ou sub-representação de dados discrepantes. Um exemplo foi a replicação de um experimento com dieta de cafeteria em camundongos, que não reproduziu o efeito ansiolítico observado no estudo original. A iniciativa destacou a necessidade de melhor documentação, pré-registro de projetos e compartilhamento aberto de dados.
Como desdobramento, foi criada a Rede Brasileira de Reprodutibilidade, que promove boas práticas científicas por meio de cursos, guias e colaboração com periódicos e agências de fomento. Com apoio financeiro de instituições como o Serrapilheira e a Fundação José Luiz Egídio Setúbal, a rede busca incentivar a adoção de requisitos mínimos de reprodutibilidade, fortalecendo a credibilidade da ciência brasileira.