Milhares de indígenas de pelo menos 135 etnias estão acampados em Brasília durante a 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorre até sexta-feira (11). O evento, considerado a maior mobilização indígena do país, além de reforçar a luta pela demarcação de terras, também defende a Constituição Federal e o regime democrático. Lideranças alertam para uma “desconstitucionalização” de seus direitos, criticando propostas como a PEC 48, que busca incluir o Marco Temporal na Constituição, limitando a reivindicação de terras às ocupadas em outubro de 1988.
O coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, destacou a morosidade nos processos demarcatórios, que contribui para conflitos socioambientais em regiões como Mato Grosso do Sul e sul da Bahia. Apesar disso, há expectativa de que o governo federal anuncie a conclusão de demarcações durante o evento. O ATL também serve como preparação para a COP30, com indígenas defendendo que a garantia de seus territórios é essencial no combate às mudanças climáticas.
Organizações indígenas, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), planejam ações paralelas à conferência climática, incluindo a criação de uma NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) indígena. A iniciativa visa pressionar por políticas mais eficazes contra o aquecimento global, destacando o papel dos povos originários na preservação ambiental. A campanha “A Resposta Somos Nós” reforça a necessidade de transição energética justa e do fim da exploração de combustíveis fósseis.