A 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) reuniu milhares de indígenas em Brasília, entre 7 e 11 de abril, para protestar em defesa da demarcação de seus territórios. Com participação estimada em 10 mil pessoas de cerca de 200 povos, o evento destacou a diversidade linguística e cultural do movimento, enquanto líderes criticaram a falta de avanços nas garantias constitucionais. Entre as principais pautas está a oposição ao Marco Temporal, tese que restringe o direito à terra apenas aos povos que já ocupavam seus territórios em 1988, recentemente aprovada pelo Congresso, mas considerada inconstitucional pelo STF.
O movimento também rejeitou a mesa de conciliação proposta pelo ministro Gilmar Mendes no STF, que chegou a incluir a possibilidade de mineração em terras indígenas, posteriormente retirada. Lideranças destacaram os impactos negativos da mineração, como contaminação por mercúrio e desnutrição, citando exemplos como os povos Yanomami e Munduruku. Além disso, o ATL 2025 buscou vincular a demarcação de terras à agenda climática, preparando uma proposta indígena para a COP30, em contraponto à NDC do governo, que ignorou os efeitos do agronegócio no aquecimento global.
Com o tema “A resposta somos nós: Em defesa da Constituição e da vida”, o acampamento, organizado pela Apib, reforçou a mobilização permanente dos povos originários. Artesanato, protestos e debates marcaram os cinco dias de evento, evidenciando a resistência contra ameaças aos seus direitos e territórios. A articulação para a COP30 em Belém destacou o papel das terras indígenas na preservação ambiental, pressionando por reconhecimento internacional.