No noroeste de Mato Grosso, o povo Rikbaktsa está revitalizando a produção de borracha, atividade abandonada há mais de uma década devido aos baixos preços e dificuldades de escoamento. A iniciativa, vista como alternativa econômica e ambiental, busca conciliar geração de renda com a preservação das seringueiras, consideradas sagradas. Com apoio do projeto Biodiverso e parcerias como a Michelin, os indígenas pretendem comercializar a borracha de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais das árvores e eliminando intermediários para garantir preços justos.
A retomada da produção tem atraído tanto experientes seringueiros, como Donato Bibitata, que ressalta a importância do cuidado com as árvores, quanto jovens como Rogerderson Natsitsabui, que veem na atividade uma oportunidade de complementar a renda enquanto perseguem outros objetivos, como o ensino superior. O projeto Biodiverso, patrocinado pela Petrobras, oferece capacitação, equipamentos e logística, além de conectar os produtores diretamente aos compradores, como a Michelin e a Veja, que valorizam a extração sustentável.
A meta é produzir 90 toneladas de borracha até 2027, beneficiando terras indígenas e a Reserva Extrativista Guariba Roosevelt. A iniciativa não só fortalece a economia local, mas também contribui para a conservação de 1,4 milhão de hectares na Amazônia, alinhando desenvolvimento com preservação. Segundo os envolvidos, o modelo representa um novo paradigma, substituindo a exploração histórica por relações comerciais justas e diretas, garantindo futuro para as gerações indígenas.