No noroeste do Mato Grosso, o povo indígena Rikbaktsa está retomando a produção de borracha, atividade abandonada há mais de uma década devido aos baixos preços e dificuldades logísticas. A iniciativa, vista como alternativa para gerar renda e preservar as seringueiras — consideradas sagradas —, conta com o apoio do projeto Biodiverso, que conecta os produtores indígenas a compradores como a Michelin. A extração é feita de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais das árvores e evitando práticas predatórias, com o objetivo de garantir a conservação da floresta para futuras gerações.
O projeto visa revitalizar a cadeia extrativista da borracha, eliminando intermediários e garantindo preços justos aos produtores. Antigos seringueiros, como Donato Bibitata, de 67 anos, retomaram a atividade, enquanto jovens como Rogerderson Natsitsabui, de 30 anos, veem nela uma oportunidade de complementar a renda sem abandonar seus estudos. A expectativa é que, até 2027, sejam comercializadas 90 toneladas de borracha nativa, fortalecendo a economia local e a proteção territorial.
Patrocinado pela Petrobras, o Biodiverso também promove educação ambiental e assistência técnica, integrando-se a iniciativas como o Juntos pela Amazônia. A Michelin, interessada na qualidade da borracha da região, já firmou acordos para compra direta, com preços reajustados para R$ 13 o quilo. A iniciativa representa um novo paradigma no extrativismo, combinando geração de renda, conservação ambiental e valorização do conhecimento tradicional indígena.