O anúncio de tarifas de 10% sobre as importações de produtos brasileiros pelos EUA, incluindo o café, pode ter efeitos contraditórios para o setor. Por um lado, o Brasil, maior fornecedor do grão para os EUA, mantém vantagem competitiva, já que concorrentes como Vietnã e Indonésia foram taxados em porcentagens bem mais altas (46% e 32%, respectivamente). Isso pode abrir espaço para o aumento das exportações brasileiras, especialmente de café robusta, tipo no qual os asiáticos dominam. Por outro, a Colômbia, outro grande exportador, também recebeu a mesma taxa de 10%, o que mantém a disputa acirrada no segmento de arábica.
Apesar da posição relativamente favorável, especialistas alertam para possíveis impactos negativos. O encarecimento do café nos EUA pode reduzir o consumo no país, onde 76% da população consome a bebida. Além disso, o aumento dos custos para a indústria norte-americana pode desorganizar as cadeias produtivas e pressionar a inflação, afetando não apenas o café, mas outros setores. O Brasil, responsável por 32% do mercado de café nos EUA, pode sentir os efeitos indiretos dessa medida.
A situação reforça a dependência dos EUA em relação às importações de café, já que o país não tem produção significativa do grão. Enquanto o Brasil se beneficia da desvantagem imposta aos concorrentes asiáticos, a aplicação das tarifas ainda pode alterar a dinâmica de consumo e preços no mercado norte-americano, com consequências imprevisíveis para os exportadores brasileiros no longo prazo.