As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados, incluindo químicos, aço, alumínio e alimentos, ainda têm um impacto econômico difícil de mensurar, segundo o presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro. Embora o Brasil tenha sido menos penalizado (com taxa de 10%) em comparação à Ásia e à União Europeia, a medida cria um cenário ambíguo para a indústria nacional. Por um lado, produtos brasileiros podem ganhar competitividade no mercado americano frente a itens mais taxados; por outro, alguns podem ficar mais caros que os produzidos nos EUA, além do risco de desvio de comércio, com países afetados buscando o Brasil como alternativa.
O setor químico brasileiro já enfrenta desafios estruturais, como um déficit comercial de US$ 50 bilhões em 2024 e custos de produção significativamente mais altos que os dos EUA, devido a encargos sistêmicos e energia mais cara. Com 36% de capacidade ociosa, a indústria pode ver esse índice aumentar se exportações caírem ou importações crescerem com produtos redirecionados de outros mercados. Além disso, o México, isento das tarifas e com custos menores, surge como um concorrente direto no acesso preferencial ao mercado norte-americano.
Cordeiro destacou que o cenário ainda está em evolução, e os efeitos completos só serão claros nas próximas semanas. Enquanto há oportunidades pontuais para produtos brasileiros, a incerteza prevalece, especialmente diante da estratégia dos EUA de fortalecer sua produção doméstica. O desequilíbrio comercial e a pressão competitiva exigirão ajustes da indústria nacional, que aguarda a “poeira baixar” para entender o real impacto das medidas.