O anúncio das novas tarifas comerciais pelos EUA, batizado de “Dia da Libertação” pelo presidente Donald Trump, colocou os mercados em alerta, com potencial impacto sobre setores brasileiros como etanol, proteínas e aço. Analistas destacam que, embora o Brasil seja uma economia relativamente fechada, com comércio representando apenas 20% do PIB, setores específicos podem sofrer retaliações. O etanol, por exemplo, já enfrenta tarifas de importação nos EUA, mas a exposição direta do país é limitada, com possibilidade de mitigação por meio de parcerias com outros mercados, como a China.
No setor de proteínas, empresas como Minerva e JBS podem sentir os efeitos das tarifas, dependendo da estrutura adotada pelos EUA. Enquanto a Minerva tem flexibilidade para redirecionar exportações, a JBS enfrenta riscos maiores devido à sua exposição ao mercado americano. O Goldman Sachs ressalta que uma escalada protecionista global poderia pressionar preços e spreads, mas também abrir oportunidades para players consolidados em mercados alternativos.
Apesar dos riscos setoriais, bancos como Santander e JPMorgan avaliam que o impacto macroeconômico no Brasil deve ser moderado, com possível redução de 0,2% a 0,3% no PIB em cenários mais adversos. A diversificação comercial e a capacidade de substituição de importações podem amortecer parte dos efeitos negativos. No geral, o cenário mantém cautela, mas sem pânico, com atenção voltada para os desdobramentos das medidas anunciadas e possíveis retaliações internacionais.