O Sudeste Asiático foi especialmente afetado pelas novas tarifas anunciadas por Donald Trump, com países como Camboja, Vietnã e Tailândia enfrentando taxas que variam de 36% a 49%. A China também recebeu um aumento adicional de 34%, somando-se às tarifas anteriores de 20%. Essas medidas impactam diretamente a estratégia “China mais um”, adotada por empresas globais para diversificar suas cadeias de suprimentos e reduzir custos, transferindo parte da produção para nações vizinhas. Grandes marcas, como Nike, Gap e Levi’s, que se mudaram para o Vietnã e outros países da região, agora enfrentam dilemas caros: manter operações no Sudeste Asiático sob tarifas elevadas, buscar jurisdições mais baratas ou retornar aos EUA, onde os custos são significativamente maiores.
O Vietnã, que responde por 30% do PIB em exportações para os EUA, é um dos mais prejudicados, com um superávit comercial de US$ 123,5 bilhões no ano passado. Analistas alertam que o país, antes beneficiado pela guerra comercial EUA-China, agora é um dos principais alvos das tarifas americanas. Líderes vietnamitas tentaram negociar reduções, mas o impacto econômico já é visível: o banco OCBC revisou a previsão de crescimento do PIB do Vietnã para 5% em 2024, abaixo dos 6,2% anteriores. Tailândia e Indonésia também sofrem, com taxas de 36% e 32%, respectivamente, pressionando ainda mais as cadeias globais de suprimentos.
A diversificação produtiva, impulsionada por fatores como mão de obra barata e resiliência pós-pandemia, agora se revela uma faca de dois gumes. Empresas ocidentais e chinesas que buscaram o Sudeste Asiático para evitar conflitos comerciais enfrentam novos obstáculos, enquanto economias locais veem seu crescimento ameaçado. O cenário atual destaca a volatilidade das relações comerciais globais e os desafios de depender de um único mercado, mesmo que diversificado regionalmente.