Os anúncios de elevação de tarifas pelo governo dos Estados Unidos ainda não afetaram significativamente a balança comercial brasileira em março de 2025, segundo relatório do Icomex da FGV. Enquanto as exportações agropecuárias do Brasil podem ser beneficiadas, principalmente com a demanda chinesa por soja, os ganhos em manufaturados, como calçados e vestuário, permanecem incertos devido às tarifas mantidas por países asiáticos. O superávit comercial de US$ 8,2 bilhões em março foi impulsionado pelo comércio com a China, embora o acumulado do primeiro trimestre de 2025 tenha sido inferior ao mesmo período de 2024.
A FGV destaca que as perspectivas para o ano dependem do desenrolar da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Se o Brasil tiver vantagens, estas provavelmente se concentrarão no agronegócio, enquanto setores industriais podem enfrentar desafios. O relatório também aponta que a política comercial americana já impacta o cenário monetário e financeiro global, elevando a percepção de risco e afetando a legitimidade internacional dos Estados Unidos.
Além disso, a análise sugere que as medidas protecionistas podem agradar parte da base eleitoral americana, mas, no longo prazo, enfraquecem a posição dos Estados Unidos no cenário global. O superávit com a China, que caiu de US$ 8,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 745 milhões em 2025, reflete a volatilidade do comércio exterior em meio às tensões geopolíticas. A FGV prevê que os próximos meses serão decisivos para definir os rumos da balança comercial brasileira.