O núcleo inicial de Belém, antigamente chamado de Feliz Lusitânia, guarda em suas igrejas coloniais parte essencial da história e da memória da capital paraense. Esses templos, como a Catedral da Sé e a Igreja de Santo Alexandre, são mais do que estruturas religiosas: representam a ocupação militar e missionária que moldou a cidade. Suas arquiteturas e detalhes artísticos, muitos deles atribuídos ao arquiteto Antônio Landi, refletem séculos de transformações urbanas e a influência de ordens como jesuítas, carmelitas e mercedários.
A permanência dessas construções permite uma “arqueologia da paisagem”, como destaca a historiadora Dayseane Ferraz, revelando processos como a cristianização e a catequese dos povos indígenas. Igrejas como a do Carmo, com sua fachada em pedra importada de Lisboa, e a Capela de São João Batista, com pinturas únicas no Brasil, são documentos materiais que narram mais de 400 anos de história. Muitas delas abrigam acervos sacros e funcionam como espaços musealizados, unindo o sagrado ao cultural.
Concentradas no Centro Histórico de Belém, essas igrejas são patrimônios tombados que sobreviveram aos seus construtores e continuam a contar a trajetória da cidade. Desde a primeira ermida no Forte do Presépio até as grandiosas construções do século XVIII, elas testemunham a evolução urbana e religiosa de Belém, tornando-se símbolos de resistência e identidade para a comunidade.