O Parlamento da Hungria aprovou, nesta segunda-feira (14), uma série de emendas constitucionais que reforçam restrições aos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Entre as mudanças, está a definição de apenas dois gêneros na Constituição — masculino e feminino — e a priorização do “desenvolvimento físico, mental e moral” das crianças sobre outros direitos, medida usada para justificar a proibição da Parada do Orgulho. A votação, aprovada por ampla maioria, ocorreu sob protestos dentro e fora do legislativo, com manifestantes criticando o que chamam de crescente autoritarismo no país.
Além das medidas relacionadas a gênero e sexualidade, outra emenda permite ao governo revogar temporariamente a cidadania húngara de pessoas com dupla ou múltipla nacionalidade, alegando combater influências estrangeiras em ONGs e mídias. Desde março, Budapeste tem sido palco de protestos frequentes, incluindo bloqueios de pontes e marchas contra as políticas do governo. No sábado anterior, manifestantes vestiram cinza para simbolizar a uniformização que associam ao atual governo.
A oposição húngara criticou as mudanças, com parlamentares exibindo faixas de protesto durante a sessão. Uma deputada destacou que, desde 2011, quando a primeira reforma constitucional foi contestada, as liberdades no país só retrocederam. Os manifestantes compararam a situação à Rússia, gritando: “Não permitiremos que a Hungria se torne a Rússia de Putin”. As emendas refletem uma tendência de alinhamento com políticas conservadoras, incluindo referências a um decreto similar assinado nos EUA durante a administração anterior.