A crucificação de Jesus é um dos eventos centrais do cristianismo, e diversas igrejas ao redor do mundo afirmam possuir fragmentos da “verdadeira cruz”. Essas relíquias têm origem em relatos dos séculos 3 e 4, que narram a descoberta da cruz por Helena, mãe do imperador Constantino, em Jerusalém. No entanto, historiadores modernos questionam a autenticidade desses fragmentos, destacando a falta de evidências concretas e a possibilidade de reutilização da madeira pelos romanos em outras crucificações.
A multiplicação dos pedaços da cruz ganhou força durante a Idade Média, com igrejas e mosteiros espalhando fragmentos por toda a Europa. Embora concílios religiosos tenham validado a devoção a essas relíquias, teólogos como João Calvino criticaram a quantidade excessiva de supostos fragmentos, chegando a sugerir que, se reunidos, preencheriam um navio. Estudos recentes indicam que, mesmo somando todas as peças existentes, apenas metade da cruz original poderia ser reconstruída.
A veracidade dessas relíquias permanece incerta, pois métodos científicos como a datação por carbono são caros e invasivos, além de enfrentarem resistência por parte das instituições religiosas. Para especialistas, a busca pela cruz original é mais uma expressão de fé do que um fato histórico comprovado, reforçando o desejo dos fiéis de se conectar fisicamente com a narrativa sagrada. Assim, a cruz simboliza não apenas o sofrimento de Cristo, mas também a complexa relação entre devoção e história.