As tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira não devem impactar significativamente as exportações para o país, segundo analistas e associações do setor. Apesar do aumento da tarifa para 36,4% — incluindo uma taxa adicional de 10% —, a demanda americana permanece forte, com o Brasil esgotando sua cota anual livre de impostos de 65.000 toneladas em apenas 14 dias. A competitividade da carne brasileira se mantém devido aos preços mais baixos do gado no Brasil em comparação com os EUA, onde os estoques estão em níveis historicamente reduzidos.
Além disso, os pecuaristas brasileiros, especialmente no Mato Grosso, têm capacidade para ampliar a produção, garantindo oferta suficiente para atender tanto o mercado americano quanto a China, maior compradora da carne bovina do Brasil. Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, projeta um crescimento de quase 14% nas importações dos EUA este ano, atingindo 428.000 toneladas. A Austrália também surge como alternativa para os EUA, mas Brasil e China continuam a fortalecer seus laços comerciais após a suspensão de centenas de plantas frigoríficas americanas pelo governo chinês.
No primeiro trimestre, as vendas de carne bovina brasileira para os EUA totalizaram US$ 557,15 milhões, um aumento de 67% em valor, representando 17% do total das exportações do setor. O preço médio por tonelada subiu de US$ 2.943 para US$ 3.384, refletindo a solidez da demanda. Com condições favoráveis de produção e mercados diversificados, as perspectivas para as exportações brasileiras seguem positivas, mesmo em um cenário de tarifas elevadas.