A crescente guerra comercial entre Estados Unidos e China está reconfigurando o cenário global de trocas econômicas, colocando o Brasil em uma posição vantajosa. Segundo análises do Deutsche Bank, o país pode expandir suas exportações, especialmente para a China, que já absorve 28% dos produtos brasileiros. Em 2024, esse fluxo resultou em um superávit de US$ 30,7 bilhões, impulsionado pela demanda por commodities como soja, minério de ferro e petróleo bruto.
No entanto, a relação comercial com a China apresenta assimetrias, já que o Brasil exporta principalmente produtos de baixo valor agregado e importa bens manufaturados e tecnologia. Essa dinâmica limita a industrialização nacional e aumenta a vulnerabilidade a oscilações externas, como crises geopolíticas ou mudanças nas tarifas. Enquanto isso, os EUA, segundo maior parceiro comercial do Brasil, mantêm uma relação mais equilibrada, com um déficit insignificante em 2024, evitando medidas mais agressivas por parte do governo americano.
Apesar dos desafios, o conflito entre as duas maiores economias do mundo abre espaço para o Brasil captar demandas adicionais de exportação, especialmente com tarifas comparativamente baixas em relação aos concorrentes. Especialistas projetam que o volume de vendas de soja para a China deve crescer ainda mais nos próximos meses, reforçando a posição do país no mercado global. Contudo, a dependência de commodities e a falta de diversificação na pauta exportadora continuam sendo pontos críticos a serem enfrentados.