O governo argentino classificou a greve geral desta quinta-feira (10) como um “ataque à República”, em resposta à paralisação convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país. Esta é a terceira greve desde a posse do atual presidente, em dezembro de 2023, e ocorre em um contexto de tensão social, marcado por demissões em massa e queda no consumo por 15 meses consecutivos. A adesão foi parcial, afetando principalmente transportes e serviços públicos, com cancelamento de voos e interrupção no metrô e trens, enquanto ônibus operaram sob alta demanda em Buenos Aires.
O governo reagiu de forma combativa, incentivando denúncias contra coação para aderir à greve e defendendo que “hoje se trabalha”. Autoridades argumentaram que as ruas agora pertencem “aos que trabalham”, em contraste com as manifestações frequentes antes da atual gestão. Os sindicatos, por outro lado, reivindicam liberdade para negociações salariais, recomposição de aposentadorias e o direito de protestar sem repressão, além de expressarem insatisfação com as políticas de ajuste fiscal que reduziram empregos públicos e o poder de compra.
A greve reflete o desgaste crescente do governo, que enfrenta pressão devido à inflação alta, aumento da pobreza e expectativas frustradas de recuperação econômica. Apesar disso, a administração atual vê o movimento sindical como parte da “velha política” e uma tentativa de desestabilizar suas reformas liberais. Com aprovação em torno de 40%, o presidente mantém uma postura agressiva contra os sindicatos, usando o confronto como estratégia para justificar medidas impopulares e promover sua agenda de mudanças no Estado.