Integrantes do governo federal planejam pressionar deputados da base aliada e do Centrão que assinaram um requerimento para acelerar a votação de um projeto que anistia participantes dos eventos de 8 de janeiro. Apesar de o documento já ter atingido as 257 assinaturas necessárias, o governo avalia que pode convencer cerca de 30 parlamentares a se manifestarem publicamente contra a proposta, enfraquecendo politicamente a medida. A estratégia inclui cobrar lealdade de partidos que ocupam cargos no Executivo, com possíveis demissões de aliados que apoiam a anistia.
Além disso, líderes governistas entendem que, embora haja pressão em estados com forte influência bolsonarista, há casos em que parlamentares com acesso a benefícios do governo aderiram à proposta sem justificativa clara. Nesses cenários, a administração federal considera aplicar punições exemplares para reforçar sua autoridade. A situação também serve como teste para a nova ministra de Relações Institucionais, que terá de demonstrar capacidade de articulação política.
Em declarações recentes, a ministra classificou o apoio de deputados da base ao projeto como “absurdo” e uma “profunda contradição”, defendendo que a urgência legislativa deveria ser destinada a propostas que beneficiem a população, e não a medidas que, em sua visão, representam uma afronta ao Judiciário e à democracia. O desfecho desse embate pode definir os rumos da relação entre o governo e o Congresso nos próximos meses.