A crescente pressão sobre os sistemas alimentares globais, impulsionada por mudanças climáticas, degradação ambiental e crises econômicas, está levando a uma inevitável transição na maneira como produzimos e consumimos alimentos. Paul Behrens, professor da Universidade de Oxford, destacou em conferência recente que a agricultura e a pecuária mal geridas são grandes responsáveis por emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade e poluição, enquanto a produção enfrenta ameaças como eventos climáticos extremos e escassez de recursos. Estudos citados, incluindo relatórios do FMI e pesquisas publicadas em revistas científicas, projetam impactos inflacionários significativos e riscos de falhas simultâneas em safras, especialmente em cenários de aquecimento global acima de 1,5°C.
Diante desses desafios, Behrens argumenta que dietas baseadas em vegetais, embora muitas vezes vistas como uma escolha, podem se tornar uma necessidade devido a restrições biofísicas e econômicas. Modelagens indicam que mudanças nos hábitos alimentares podem reduzir o uso intensivo de terra, água e energia, além de diminuir a vulnerabilidade do sistema a choques climáticos e financeiros. Políticas públicas incrementais, como revisão de subsídios agrícolas e investimentos em infraestrutura resiliente, são apontadas como caminhos para facilitar essa transição, evitando custos maiores no futuro.
A conclusão é clara: adiar ações pode limitar as opções dos tomadores de decisão, tornando as soluções mais caras e menos eficazes. A necessidade de resiliência, equidade e redução de riscos exige uma abordagem de longo prazo, combinando reformas estruturais com adaptação às realidades físicas e econômicas emergentes. O artigo reforça que, gostemos ou não, a transformação dos sistemas alimentares já está em curso, e seu gerenciamento será crucial para a estabilidade global.