O sistema alimentar global está à beira de uma crise sem precedentes, segundo um memorando interno vazado por executivos de uma empresa de tecnologia do Reino Unido. O documento alerta que a degradação do solo, a escassez de água e a volatilidade climática já são ameaças operacionais imediatas, mas muitas empresas ainda tratam as divulgações ambientais como meros requisitos burocráticos. Investidores estão desinformados sobre os riscos sistêmicos, enquanto estratégias de mitigação insuficientes ou enganosas criam uma falsa sensação de segurança.
A combinação de eventos climáticos extremos, cadeias de suprimento frágeis e pensamento de curto prazo está criando uma “tempestade perfeita”. O memorando destaca que tentativas de realocar fontes de suprimento para outras regiões são ilusórias, já que múltiplos players competirão pelos mesmos recursos. Além disso, o setor financeiro continua subestimando o risco, direcionando capital para áreas de alto crescimento, como inteligência artificial, enquanto o sistema agroalimentar — vital para a estabilidade global — fica subfinanciado.
Apesar do cenário preocupante, ainda há esperança em iniciativas como a agricultura regenerativa, que demonstram ser possível reverter danos ambientais em poucos anos. No entanto, especialistas alertam que a janela para ação está se fechando. O memorando conclui com um apelo urgente: investidores e conselhos devem migrar de divulgações passivas para uma gestão ativa de riscos, antes que o sistema alimentar — comparado a uma bolha prestes a estourar — desencadeie consequências financeiras, sociais e geopolíticas irreversíveis.