O pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo, original da Amazônia, tem sido encontrado em rios de cinco Estados brasileiros fora de seu habitat natural, incluindo São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Sua presença em bacias como a do Prata e do São Francisco preocupa pesquisadores, pois a espécie, carnívora e sem predadores naturais nessas regiões, pode desequilibrar ecossistemas aquáticos e ameaçar peixes nativos. Autoridades ambientais permitiram a pesca do pirarucu em alguns locais, mas alertam que a reintrodução do animal na natureza é proibida, recomendando seu encaminhamento para cativeiros ou instituições de pesquisa.
A expansão do pirarucu é atribuída tanto a escapes de criadouros quanto à falta de controle em sua dispersão. Pesquisadores como Lidiane Franceschini, da Unesp, destacam que a espécie, por ocupar o topo da cadeia alimentar, pode reduzir populações de peixes invertebrados e competir por recursos, afetando a pesca regional. Medidas como a pesca esportiva e artesanal têm sido adotadas para conter seu avanço, mas são consideradas insuficientes diante do desafio ecológico.
Paradoxalmente, o pirarucu, que já esteve à beira da extinção nos anos 1990 devido à pesca predatória, hoje é alvo de projetos de manejo sustentável na Amazônia, como o “Gosto da Amazônia” e o Programa Arapaima do Ibama. Essas iniciativas buscam envolver comunidades ribeirinhas e indígenas na conservação da espécie, gerando renda através da comercialização de sua carne. Com fósseis datando de mais de 100 milhões de anos, o pirarucu é um verdadeiro fóssil vivo, cuja preservação e controle exigem equilíbrio entre conservação e mitigação de impactos ambientais.