Nos dois primeiros anos do governo atual, os investimentos em publicidade por estatais e órgãos federais atingiram R$ 4,1 bilhões, valor 15% superior à média anual do governo anterior. Dados do Poder360 mostram que, em média, foram gastos R$ 2 bilhões por ano, contra R$ 1,8 bilhão no mandato anterior. Bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa, lideraram os gastos, com aumentos de 3% e 18%, respectivamente, enquanto a Petrobras quase dobrou seus investimentos em comunicação, atingindo 89% do total desembolsado nos quatro anos anteriores.
A transparência sobre esses gastos diminuiu desde 2017, quando o Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP) foi desativado durante o governo Temer. O órgão fornecia detalhes sobre contratos publicitários, permitindo o monitoramento por veículos de imprensa e cidadãos. Atualmente, as informações são fragmentadas, dificultando a fiscalização. Em 2016, por exemplo, as estatais respondiam por 71% dos gastos federais com publicidade, evidenciando sua centralidade na estratégia de comunicação do governo.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) afirmou que não interfere nos orçamentos de outros ministérios ou estatais, destacando que suas campanhas visam divulgar políticas públicas. Enquanto algumas empresas, como a Petrobras, justificam os aumentos com reposicionamento de marca, outras, como os Correios, reduziram drasticamente seus investimentos. O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga uma licitação dos Correios após denúncias de irregularidades. O cenário reflete a complexidade e os desafios na gestão da publicidade estatal.