Em meio a um mundo cada vez mais polarizado, gestos simples podem transmitir profundas mensagens. Durante as homenagens fúnebres ao papa Francisco, a freira francesa Geneviève Jeanningros, de 81 anos, quebrou o protocolo ao se aproximar do caixão para se despedir do amigo de longa data. Integrante da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, ela vive em um trailer na periferia de Roma, compartilhando seu cotidiano com trabalhadores de baixa renda e membros da comunidade LGBTQIAP+, especialmente mulheres trans. Sua vida reflete o compromisso com o Evangelho vivido na prática, priorizando o amor e a inclusão.
A amizade entre a freira e o pontífice começou após sua eleição, quando ela escreveu a ele sobre sua tia, uma missionária desaparecida durante a ditadura argentina. O vínculo se fortaleceu ao longo dos anos, alimentado por cartas, bilhetes e até empanadas preparadas por mulheres trans argentinas, que Francisco passou a apreciar. Em junho do ano passado, Geneviève levou um grupo diverso—incluindo LGBTQIAP+ e catequistas—a uma audiência geral, onde foram acolhidos pelo papa, um gesto que marcou muitos como um símbolo de abertura inédita.
Na despedida, Geneviève não levou presentes ou cartas, apenas o silêncio de um gesto carregado de significado. Sua presença, assim como sua vida, representou o amor sem restrições—um testemunho do legado de Francisco. Para muitos, ela personificou a Igreja que vai ao encontro dos marginalizados, abrindo caminhos onde poucos ousam ir.