O governo da França admitiu que a dívida imposta ao Haiti há 200 anos, em troca do reconhecimento de sua independência, prejudicou profundamente o desenvolvimento do país caribenho. O presidente francês afirmou que a pesada indenização, parcelada por décadas, “colocou um preço na liberdade” do Haiti, afetando sua trajetória desde o início. Apesar disso, o governo não sinalizou reparações financeiras, optando por criar uma comissão franco-haitiana para analisar o impacto histórico da dívida.
A comissão terá como objetivo examinar as consequências da indenização de 1825, que levou o Haiti a gastar 80% de seu orçamento no pagamento da dívida no início do século XX. Especialistas apontam que essa carga financeira contribuiu para a atual pobreza do país, o mais pobre das Américas. Organizações da região exigem reparações, argumentando que a crise haitiana, marcada por violência e desigualdade, é um legado direto do passado colonial.
O Haiti foi a primeira nação negra independente e a primeira a abolir a escravidão, após uma revolução bem-sucedida contra o domínio francês. A França destacou a importância de “assumir sua parcela de verdade” na história comum, prometendo fortalecer laços culturais e educacionais. No entanto, a ausência de compensação financeira mantém o debate sobre justiça histórica e responsabilidade colonial.