O governo dos Estados Unidos adotou uma fórmula controversa para calcular as chamadas “tarifas recíprocas”, que têm como objetivo reduzir o déficit comercial do país. A metodologia, divulgada pela Casa Branca, considera principalmente o saldo negativo nas trocas bilaterais, resultando em taxas mais altas para nações que exportam muito para os EUA, mas importam pouco. Isso afetou especialmente países pobres, como Madagascar e Lesoto, onde as tarifas podem chegar a 50%, ameaçando setores vitais de suas economias.
Apesar da justificativa de que as taxas seriam uma resposta a barreiras comerciais impostas por outros países, economistas apontam que a fórmula ignora as alíquotas reais cobradas pelos parceiros comerciais. Em vez disso, o cálculo simplificado se baseia no déficit bilateral, dividindo-o pelo valor das importações americanas. Críticos argumentam que a abordagem é unilateral e prejudicial, já que desconsidera a complementaridade natural entre economias e pode desestabilizar cadeias produtivas globais.
Além disso, o governo americano estabeleceu uma taxa mínima de 10%, aplicada até mesmo a países com os quais os EUA têm superávit comercial, como o Brasil. A medida gerou ironias, especialmente quando incluiu territórios desabitados, como as Ilhas Heard e McDonald. Especialistas e representantes comerciais classificaram a política como enganosa, destacando seus impactos negativos no desenvolvimento de nações vulneráveis e nas relações econômicas internacionais.