A BR-230, conhecida como Transamazônica, única via de acesso às cidades de Humaitá e Apuí, no sul do Amazonas, está intrafegável devido à cheia do Rio Madeira. O avanço das águas inundou cerca de 20 km da rodovia, obrigando moradores e viajantes a percorrer trechos de barco. A travessia, que chega a durar três horas de espera, é feita em canoas lotadas, com passagens custando R$ 100 por trecho de uma hora e meia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) alugou balsas para transportar caminhões, mas o trajeto, que antes levava 12 horas por terra, agora dura em média quatro dias.
O impacto econômico já é sentido no comércio local, com aumento nos preços de produtos como o botijão de gás, que subiu de R$ 120 para R$ 150. Comerciantes atribuem a alta aos custos elevados do frete, já que a logística de transporte foi drasticamente alterada. O Dnit informou que só poderá iniciar os trabalhos de recuperação da rodovia quando o nível do rio baixar, sem previsão concreta para o término das obras.
Especialistas destacam a necessidade de um planejamento mais eficiente para lidar com os períodos de cheia e seca na região amazônica, que são sazonais. Juliane Quirino, meteorologista da Universidade Federal do Amazonas, defende medidas mais humanizadas e estratégicas para minimizar os transtornos causados pelas enchentes. Enquanto isso, as comunidades afetadas seguem enfrentando desafios diários para manter o abastecimento e a mobilidade.