Em “As Aventuras de uma Francesa na Coreia”, o cineasta sul-coreano Hong Sang-soo aborda as dificuldades da comunicação através da história de uma francesa que ensina seu idioma na Coreia do Sul sem método formal. O filme, menos provocativo que obras anteriores do diretor, como “Certo Agora, Errado Antes” ou “A Mulher Que Fugiu”, concentra-se nas falhas e limitações da linguagem, usando o inglês como ponte frágil entre culturas. A narrativa revela como emoções se perdem em traduções imperfeitas e como a vergonha de errar pode impedir conexões mais profundas.
Apesar da temática interessante, o longa carece da energia e profundidade características de Sang-soo, mantendo-se em um tom único sem explorar questões mais complexas. Comparado a trabalhos anteriores, como “A Câmera de Claire”, também estrelado por Isabelle Huppert, o filme parece menos ambicioso, limitando-se a uma ideia central sem desenvolvê-la plenamente. A estética do diretor, com zooms frequentes, segue presente, mas a execução parece menos inspirada, como se faltasse impulso para ir além.
Mesmo assim, o filme se destaca pela reflexão sobre a incomunicabilidade, tema caro ao cineasta e que ecoa discussões presentes na obra de Jean-Luc Godard. Hong Sang-soo reforça sua reputação como um dos diretores mais prolíficos da atualidade, mesmo que este trabalho não atinja o nível de suas obras-primas. No cenário cinematográfico atual, uma produção sua, ainda que menor, continua sendo mais relevante que muitas outras em cartaz.