O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação judicial pedindo indenização de pelo menos R$ 14,4 milhões por danos morais e coletivos sofridos pelo povo Krenak. A comunidade indígena foi vítima de remoção forçada, violência e perseguição durante a ditadura militar (1964-1985), resultando em traumas profundos, perda cultural e mortes. Os crimes incluem escravidão, tortura e transferência compulsória, praticados por agentes estatais em colaboração com proprietários rurais, visando expulsar os indígenas de suas terras ancestrais às margens do rio Doce.
A ação judicial destaca as consequências devastadoras para o povo Krenak, como a ruptura de tradições, a perda de rituais sagrados e o trauma coletivo perpetuado por gerações. O MPF também aponta a necessidade de reparação simbólica, incluindo a construção de um monumento em memória das vítimas e a ampliação do museu Akãm Orãm Krenak, para preservar a história e a cultura do grupo. Além disso, são solicitadas medidas para revitalizar a infraestrutura agrícola da aldeia Vanuíre, em São Paulo, onde muitos sobreviventes vivem hoje.
Entre as demandas do MPF estão ainda o ensino gratuito da língua Krenak e o acesso a documentos oficiais sobre o período de violência. A ação visa não apenas compensação financeira, mas também o reconhecimento dos danos espirituais e culturais causados pela desconexão forçada da terra sagrada. A União, a Funai e os estados de Minas Gerais e São Paulo foram acionados, mas ainda não se pronunciaram sobre o caso.