Um juiz federal dos Estados Unidos afirmou que há indícios suficientes para considerar que o governo anterior violou uma ordem judicial ao deportar venezuelanos para El Salvador, ignorando uma decisão que pedia a interrupção das remoções. O magistrado James Boasberg destacou que o governo teve oportunidades para explicar suas ações, mas as respostas foram consideradas insatisfatórias. Caso não apresente uma defesa adequada, o caso pode ser encaminhado para acusações formais de desacato à Justiça.
O conflito ocorreu após uma parceria entre os EUA e El Salvador resultar na deportação de mais de 200 venezuelanos, alegadamente membros de uma gangue, para megapresídios no país centro-americano. A Justiça havia emitido uma liminar para impedir as deportações, mas o governo afirmou que os voos já estavam em andamento quando a ordem foi recebida. O presidente de El Salvador chegou a ironizar a situação em redes sociais, sugerindo que a decisão judicial chegou tarde demais.
A disputa marca mais um capítulo na tensão entre os Poderes Judiciário e Executivo durante o governo anterior. O magistrado, nomeado durante uma administração democrata, já havia ordenado a suspensão de deportações com base em uma lei de 1798, invocada sob a justificativa de combate a uma suposta invasão de gangues. O Departamento de Justiça, por sua vez, acusou o juiz de ultrapassar sua autoridade, enquanto a defesa do governo insistiu que nenhuma ordem foi violada.